domingo, 29 de junho de 2014

Resenha: Kafka a beira-mar, de Haruki Murakami

 "Quero que você se lembre de mim. Se você, apenas você, se lembrar de mim, não me importo que o resto do mundo me esqueça. "
 —     Kafka à beira-mar - Haruki Murakami


                                     Meu exemplar e a bela capa brasileira.

Sem exageros, um dos melhores livros que tive a oportunidade de ler. Diálogos, acontecimentos, personagens, locais onde se passa a história, são todos fantásticos. Sem falar dos mistérios sem solução, que tornam o livro mais especial. Aliás como eu já disse aqui no blog antes essa é característica principal do autor japonês Haruki Murakami, uma pitada de surrealismo onde quase pouca coisa é explicada, assim como o a vida  não tem resposta para tudo. Mas em Kafka a beira-mar você aceita as respostas não obtidas, os mistérios da histórias que envolve o leitor são tão especiais que você logo se acostuma a não ter respostas, é algo que até agora só Murakami faz, não existe clichês em seus livros.

Outro ponto positivo foi que o livro me ajudou muito em uma fase difícil da minha vida. Murakami coloca você nos diálogos dos personagens, que parecem que sabe do momento difícil que você está passando. Vários são os trechos que me ajudaram a erguer a cabeça e seguir em frente, posso dizer que o livro meio que me acolheu, sempre me sentia confortável lendo.

" Em certas ocasiões, o destino se assemelha a uma pequena tempestade de areia, cujo curso sempre se altera. Você procura fugir dela e orienta seus passos noutra direção. Mas então, a tempestade também muda de direção e o segue. Você muda mais uma vez o seu rumo. A tempestade faz o mesmo e o acompanha. As mudanças se repetem muitas e muitas vezes, como num balé macabro que se dança com a deusa da morte antes do alvorecer. Isso acontece porque a tempestade não é algo independente, vindo de um local distante. A tempestade é você mesmo. Algo que existe no seu íntimo. Portanto, o único curso que lhe resta é se conformar e corajosamente por um pé dentro dela, tapar os olhos e ouvidos com firmeza a fim de evitar que se encham de areia e atravessá-la passo a passo até imergir do outro lado. É muito provável que lá dentro não haja sol, nem lua, nem norte e, em determinados momentos, nem hora certa. O que há são pequenos grãos de areia finos e brancos como osso moído dançando vertiginosamente no espaço. Imagine uma tempestade de areia desse jeito. (…) E você vai atravessá-la, claro. Falo da tempestade. Dessa tempestade violenta, metafísica e simbólica. Metafísica e simbólica, mas ao mesmo tempo cortante como mil navalhas, ela raga a carne sem piedade. Muita gente perdeu o sangue dentro dela, e você mesmo perderá o seu. Sangue rubro e morno. E você vai apará-lo com suas próprias mãos em concha. O seu sangue e também o de outras pessoas. E, quando a tempestade passar, na certa lhe será difícil entender como conseguiu atravessá-la e ainda sobreviver. Aliás, nem saberá com certeza se ela realmente passou. Uma coisa porém é certa: ao emergir do outro lado da tempestade, você já não será o mesmo de quando nela entrou. Exatamente, esse é o sentido da tempestade de areia."


para minha surpresa encontrei a música que dá origem a tudo.




Me empolguei demais com a leitura, passei madrugadas devorando cada pagina, e sentindo tudo que a leitura de Murakami proporciona, a capacidade dele levar o leitor para dentro do livro é incrível. Como sempre uma diversidade cultural  rica nos diálogos de seus personagens envolvendo a literatura, cinema e a música, do rock a música clássica com o Trio Archduke de  Beethoven.


Kafka Tamura de 15 anos, um dos personagens principais foge de casa, para tentar escapar de um terrível profecia dita pelo seu pai “Um dia você irá matar o seu pai e irá dormir com sua mãe.”, e por ironia o fato que motiva a fuga é encontrar sua irmã e mãe que ele nunca viu (mesmo sabendo da profecia que o aguarda, Kafka Tamura diz que vai encontrar sua mãe e vai fazer de tudo para não cair na profecia do seu pai). Ele tem como companheiro de fuga um corvo chamado "Menino-corvo" que é como se fosse uma subconsciência. Nessa sua jornada Kafka faz uma grande amizade com Sakura e um cara  chamado Oshima, ambos vão ter uma grande importância na sua vida.



"Sou livre, penso. Fecho os olhos e considero por instantes a ideia de liberdade. Não consigo entender direito o que significa ser livre. Entendo apenas que, neste momento, estou sozinho. Estou sozinho em terra estranha. Como um explorador que perdeu bússola e mapa. Ser livre é isto? Não sei. Desisto de pensar." Kafka à Beira-mar- Haruki Murakami

O outro personagem é Nakata, o personagem mais querido do livro. Nakata é um idoso, que quando ainda criança sofre um acidente misterioso e desde então perdeu todas suas memorias, é analfabeto, e tem uma maneira peculiar de falar, exemplo: "Nakata não tem opinião, mas Nakata gosta de enguias" (é como Hodor de Game of Thrones, porém Nakata não tem um vocabulário de apenas uma palavra), além disso vive excluído da sociedade com apenas  um auxilio do governo. Mas Nakata tem um dom especial que ninguém tem, ele fala com gatos, é com esse dom que ele ganha um dinheiro extra encontrando gatos desaparecidos. É um personagem especial, livre de todos os males e escrotidão que existe na nossa sociedade, só existe pureza nesse gentil velhinho.


You don’t mind if I call you Otsuka? 

Os diálogos dos gatos com Nakata são um dos melhores trechos do livros, é um prazer ler a conversa entre um gato e um idoso. Desde então enxergo os gatos de uma maneira diferente, e passei a ter mais respeito e simpatia por eles, coisa que eu não tinha. Além disso o velhihno tem a impressionante façanha surrealista de fazer chover peixes e sanguessugas. Nakata logo conhece um parceiro para sua missão na história, (não..não é  um bichano rsrs). É um caminhoneiro que vai  ajuda-lo na sua jornada.

"O senhor é um tanto diferente não é mesmo? Pois saiba que eu gosto de gente estranha, acho que hoje em dia, é preciso desconfiar das pessoas que vivem normalmente neste nosso mundo."

A leitura é recomendadíssima, ler esse livro foi uma grande experiência para mim, não posso contar por quais motivos se não vou contar spoilers do livro. Mas posso falar que conhecer a vida dos grandes compositores clássicos, livros como Édipo e o lugares que o autor cita não tem preço, alias tem preço sim, comprei o livro em um promoção por apenas 36 reais, seu preço é 70 reais.

 

Murakami diz que escrever se parece com sonhar: “E escrever um romance me permite sonhar acordado intencionalmente. Posso continuar hoje o sonho de ontem, o que normalmente não acontece na vida real. Portanto, embora seja sonho, não é fantasia. Para mim, o sonho é muito real.” e assim é o livro, sonho e ficção interligados em uma só história fantástica.

"Existe um ponto chamado de toilet bowl no Havaí, onde a corrente vazante se choca com a enchente e produz um enorme redemoinho. Seu movimento se assemelha ao da descarga de uma latrina. E, se você cai da prancha e é arrastado até o fundo desse redemoinho, fica muito difícil aflorar outra vez. Dependendo das condições do mar, pode até ser que você nunca mais consiga. Apesar de tudo, você tem que ficar quieto lá no fundo e deixar que as ondas o massacrem. Não adianta você se assustar, debate, vai apenas esgotar suas forças. Acho difícil passar por experiência mais apavorante. Mas, se você não domina esse tipo de pavor, nunca será um bom surfista. Você tem de se ver em frente a frente com a morte, conhece-la e vencê-la. no fundo do redemoinho, você pensa em muitas coisas, e num certo sentido, faz amizade com a  morte, conversa com ela de maneira franca."





quinta-feira, 26 de junho de 2014

Tosco? Filmes que vale a pena assistir novamente #1: The Texas Chain Saw Massacre (1974)

 

Vou começar essa seção no blog com esse filme, um dos meu preferidos do gênero de horror porque vale a pena assistir mais de uma vez?

Primeiro que é diferente de seus remakes; Texas Chainsaw 3D e The Texas Chainsaw Massacre: The Beginning, não cheguei a ver nenhum dessa dois filmes, mas acho  nem  o barulho da serra elétrica deve assustar. 




Segundo, quando resolvi ver o filme original, pensei que era um filme tosco, mas mesmo assim entrei logo no clima. Apaguei a luz do quarto, fechei a porta, e coloquei os fones de ouvidos no volume máximo, queria mesmo curtir todo o clima que o filme proporciona. O que achei mais impressionante nesse filme de horror, é que tudo é simples e perfeito. Nada de sangue à la Tarantino, ou algo parecido com os filmes de terror de hoje. Som ambiente do filme também é incrível, atuação dos atores idem. No final de tudo levei apenas um susto, na hora que Leatherface vai abri a porta do congelador e dar de cara a mulher acordando de seu sono. Meu susto foi mais do grito dela. Ah, o barulho da serra eletrica era tenso.... muito tenso principalmente quando você tem dois fones de ouvidos no volume máximo.

Leatherface

Terceiro, melhor de tudo é saber que o filme tem um excelente roteiro do inicio ao fim, nada de mamilos polêmicos ou cenas e sexo que são inseridas sem o menor sentido. Logo no inicio os cinco amigos em uma Kombi dão carona a um louco, e mal sabem que aquilo é só o começo de um plano de uma família canibal. Quando a unica sobrevivente consegue fugir pela primeira vez, e chega a um posto de estabelecimento "estou salva daquele pesadelo" muito pelo contrario, o dono do estabelicemento é mais um que faz parte da familia canibal. 

Faz tempo que vi o filme, não me recordo se ele leva a mulher de volta para a casa da família canibal de Leatherface sabendo que o dono do estabelecimento era um membro da família. Mas achei aquilo sensacional, não tem para onde fugir, não tem como pedir ajuda.... como essa mulher vai se livrar de ser o jantar deles. Alias a cena do jantar é sensacional. 

Recomendo, e assistam o filme preparados, com luzes apagadas, portas fechadas....fone de ouvido no volume máximo.




domingo, 22 de junho de 2014

Resenha: Linha do Tempo, de Michael Crichton

"O professor Johnston costumava dizer que se você não sabia história, não sabia nada. Era uma folha que não sabia fazer parte de uma árvore."

Linha do Tempo 
Lançado em 1999, Timeline (Linha do Tempo) é mais uma obra do mestre da ficção científica Michael Crichton. Autor do best-seller como Jurassic Park adaptado ao cinema por Steven Spielberg que teve um sucesso enorme nas bilheterias de todo o mundo. Em Jurassic Park para quem leu o livro ou até mesmo viu o filme percebe que criar um dinossauro a partir do DNA de rã é até algo plausível, a maneira com que Crichton aborda o tema leva o leitor a esse raciocínio.

"Em outros séculos, os seres humanos queriam ser salvos, melhorados, libertados, ou educados. Mas, em nosso século, eles querem ser entretidos. O grande medo não é a doença ou morte, mas é o tédio. Uma sensação de tempo em nossas mãos, uma sensação de nada para fazer. Um sentimento na qual não se divertem ".

Dessa vez Crichton leva o leitor ao passado, uma viagem especificamente ao tempo medieval, no tempo em que havia duelos de cavaleiros, sistema de feudalismo, a temível e cruel presta negra, (etc). O autor usa a física quântica, com os universos paralelos, e a teoria das cordas para explicar a "viagem no tempo". Como em todo livro de Crichton, ele levanta também polêmicas que todo historiador e físico vai criticar. A narrativa é emocionante, torna-se difícil conseguir para de ler, não tenho nenhum ponto negativo de relevância para acrescentar. Recomendo bastante a leitura, que é prazerosa e viciante. Tive a sorte e felicidade de encontrar o livro por apenas 15 reais em um sebo cultural da cidade. 

Ah, só é triste saber que adaptaram o roteiro para o cinema e o filme é um verdadeiro lixo.

sábado, 21 de junho de 2014

Resenha: Live by Night (Os Filhos da Noite)

 "Tinha dito ao filho recentemente que a vida era sorte. Mas a vida , como ele passara a perceber à medida que envelhecia, era também memória. A recordação de alguns momentos muitas vezes se mostrava mais rica do que os momentos em si"


Lehane e a construção de um anti-herói no mundo da máfia... o que o personagem de Joe Coughlin fez foi épico, mas ele pode ser considerado um gangster, um grande chefe do mundo sujo da máfia? Ou apenas alguém que sabe viver e apreciar a noite?


Meu exemplar, bela capa produzida pela companhia das letras.

"Os Filhos da Noite" faz parte da trilogia dos irmãos Coughlin, é o segundo livro que conta sobre a ascensão de Joe no mundo da máfia das bebidas, já que boa parte da história se passa na época da Lei Seca. Os desafios, as paixões e provações que fez do jovem garoto apaixonado pela noite virar uma lenda da máfia. Não é necessário ler o primeiro livro da trilogia, com o título de "Naquele Dia". Que  é extenso e tem quase o dobro número de páginas, tem o irmão Danny Coughlin como protagonista e cita Joe poucas vezes, falando da sua infância e de seu começo no mundo sujo (ou não) de Boston com pequenos furtos.

Voltando a falar de "Os Filhos da Noite", o livro tem uma história digna de Hollywood, com os famosos clichês de filme de máfia, característica  rara no livro de Lehane.  O que chamou atenção de Ben Affleck, o americano já comprou os direitos autorais do livro e vai adapta-lo para o cinema com previsão de estreia é em 2016.
 

Joseph Coughlin, ou Joe como gosta de ser chamado sempre teve problemas com o seu pai, um dos policiais mais respeitados de Boston. Ainda jovem, Joe foge de casa vivendo do que ganhava roubando pessoas e saqueando lojas. Em um dos seus furtos conhece Emma Gold, os dois vivem uma paixão intensa, porém ela é amante do maior gangster de Boston.... ae já viu né. Uma série de acontecimentos ocorre, até que é a vez de Joe assumir o posto de gangster mais respeitado de Boston e isso é só o começo.

Joe é caracterizado por ser um gangster de bom coração, não estou falando de sentimentos de amor por uma mulher, constituir uma família, até porque isso é comum no mundo da máfia. Falo de sentimentos que envolve os negócios, ter receio ou compaixão na hora executar uma vitima sem motivos, ou não executar sabendo que ela está certa por exemplo. Sentimentos que acabam prejudicando assim seus negócios, e vamos combinar... gangster de coração bom não é gangster de verdade, além de tudo só se fode.

"Nucky" Thompson, 


Quem assisti Boardwalk Empire logo irá lembrar de "Nucky" Thompson, outro gangster que viveu o auge da Lei Seca, sentimentalista e pelo qual (tenho quase certeza) Lehane se inspirou para criar o personagem de Joe. 

Os benefícios que saíram da Lei Seca foram: A Era do jazz, que  floresceu como nunca; a libertação das mulheres, as mulheres de repente cruzaram seus limites;  senso de identidade e de libertação; as pessoas diziam: "Sinto muito, não vamos fazer isso." foi uma desobediência civil em escala nacional. Mas por outro lado, a Lei Seca também foi negativa para os Estados Unidos, gerando poder ao crime organizado, mesmo com o fim da proibição das bebidas, infelizmente as drogas forneceram ainda mais poder para o crime.

Enfim, o livro é ótimo a leitura é super recomendada e proporciona vários momentos épicos, passando pelo ano de 1920 até 1942. Do South Boston até Tampa e Havana onde a produção de tabaco estava em pleno funcionamento. A leitura também é um convite a apreciação da noite, os bares clandestinos em porões ou casas abandonadas, tomados pelo som do jazz. No final a história me deixou com essa duvida, um gangster bastante sentimentalista, é um gangster de verdade? Ainda tem o terceiro livro,  que deve responder a todas as perguntas (espero).

Um brinde a Lehane com um copo de rum!




quarta-feira, 11 de junho de 2014

Bem-vindo ao mundo real.... parte 1

São vários as pessoas que admiro e possuem todo meu respeito no mundo dos livros brasileiros. Mas é verdade que estou começando minha caminhada na literatura brasileira agora, por isso conheço poucos (Machado de Assis e Érico Veríssimo são dois mestres por exemplo). Sei que é uma vergonha falar isso, mas agora só li o livro de Tonny Belloto e os dois livros de Caco Barcelos, não que os autores sejam ruim, pelo contrario adorei ler Bellini e a Esfinge de Belloto (virou até filme protagonizado por Fábio Assunção). Caco Barcelos nem preciso falar, é "o cara" do jornalismo brasileiro, o homi é foda. Sinto envergonhado apenas pela quantidade de livros brasileiros que li ser pequena.

Enfim, vamos para o que interessa. Não vou falar sobre autor-jornalista e sua carreira, e sim dos seus livros, são os únicos livros que me proporcionaram ter a sensação de levar vários socos no estômago e ter dificuldades para se recuperar, vários momentos de profunda tristeza, reflexão sobre o mundo, e como consequência enxerga-lo de outra maneira.. Em ROTA 66 por exemplo, não espere momentos de alegria, eles são poucos e estão  nos sonhos das familias  e nas realizações das vitimas que morreram jovem, tudo contado pelos familiares. Caco coloca o leitor no mundo real da pobreza, não é aquela pobreza  que é mostrada pela mídia onde tudo ocorre a mil defeitos e o importante é ser feliz, não aquele pobreza que há anos é motivo de piada de muitos humoristas, não é aquela pobreza que é amostrada através das favelas para os gringos. É uma pobreza onde o sistema tem o poder de fazer as coisas mais horríveis que se possa imaginar, até os dias  hoje, toda vez faço a pergunta imbecil "porque nesse maldito mundo de merda, ainda pessoas existe assim. isso não pode ser verdade". Mas é sim meu caro,  boa parte de tudo de ruim que acontece, é sua, minha...e de toda sociedade. Começa por quem você elege.

Rota 66

O primeiro livro de Caco Barcelos foi Rota 66, sobre o lado escuro de um pequeno grupo especial da policia de São Paulo, a ROTA. Que tinha um vicio pela morte, o sangue e o sofrimento, onde o cérebro era preenchido  somente pela frieza e pelo poder do regime da ditadura. Caco teve a coragem e persistência de investigar caso por caso, passando vários anos no necrotério da cidade de São Paulo investigando os casos, cadáveres e as papeladas arquivadas, e depois de algum tempo conseguiu um ajudante. Tudo que provasse a covardia e o assassinato em massa da ROTA que fazia uma verdadeira seleção artificial. Quase todos os mortos eram negros ou pardos, além de serem inocentes, apenas trabalhadores e estudantes que voltavam de sua simples e árdua rotina, a ROTA não matava por defesa como eles falavam, e sim por puro prazer.

Caco Barcelos também contou com ajuda dos familiares das vitimas e conseguiu dados e mais dados para confirmar esse triste acontecimento, onde se derramou mais sangue do que muitas guerras que aconteceram na historia. No geral o livro é super recomendado. Apesar de ser triste e revoltante, retrata o lado escuro de um pequeno grupo da PM paulista que poucos conhecem, Rota 66 é um excelente trabalho de jornalismo investigativo feito por Caco Barcellos. Por isso sempre me inspiro na sua determinação, uma coisa rara não só no Brasil, mas também no mundo.

As vezes penso, e se Caco Barcellos  tivesse desistido assim que entrou no necrotério e viu aqueles pedaços de corpos em conservação nos vidros, o cheiro insuportável, falta de ajuda, cadáveres e mais cadáveres em sua volta. Em relação a isso, ainda bem que ficamos só no "e se..."

Breve a parte falando de outro livro de Caco, "Abusado" a história do traficante Marcinho VP

sábado, 7 de junho de 2014

Resenha: Misto Quente, de Charles Bukowski

" Que tempos penosos foram aqueles anos – ter o desejo e a necessidade de viver, mas não a habilidade."

Misto Quente foi o primeiro e o melhor livro que li do Velho Buk até agora (posteriormente fiz a leitura de Factotum e Pulp). Nessa obra conhecemos a vida do jovem Henry Chinaski, que nasceu na Alemanha mas logo teve que se mudar para os Estados Unidos. Chinaski leva uma vida como a de vários jovens. Uma vida solitária,  mergulhado no tédio, com pais que não dão mínima para a sua existência . Um pai autoritário e uma mãe omissa, o que traz graves consequências para a vida de Chinaski. O livro fala da vida familiar, escolar até os tempos universitários do jovem, universidade cuja ele desistiu no meio do período ao fazer o curso de jornalismo.

Misto-Quente 

 Um fator que deixa o livro bem interessante é que ele é narrado em primeira pessoa, deixando a leitura bastante agradável. Com muito humor ácido, o velho tarado retrata o mundo sujo e escroto em que vivemos, você fica mais perto da dura realidade da vida. Algumas de suas aventuras quando ele estava lúcido ou bêbado se baseiam nada vida real de Bukowski, juntas as historias de Chinaski formam uma trilogia, o segundo livro é Factotum onde Bukowski fala sobre a vida de Chinaski  depois da adolescência, geralmente ele não passava um ano em um emprego. Só sabia fumar, beber e fumar e se foder e foder mulheres e fumar. Sendo assim o leitor tem a oportunidade de conhecer os vários lugares e histórias onde Chinaski trabalhou. O terceiro e último livro é "Mulheres", o livro fala sobre as mulheres que passaram pela vida de Chinaski.

enfim vou ser breve. O livro é viciante e a leitura mais que recomendada


trechos excelentes como esse:
 
"O universo da faculdade era brando, um faz de conta. Jamais lhe diziam que esperar do mundo real lá fora. Apenas entupiam você com teorias e nunca o alertavam a infinita dureza dos calçamentos. Uma educação universitária poderia destruir um individuo para sempre. Os livros podiam fazer de você um frouxo. Quando você os deixa de lado e vai ver como realmente são as coisas do lado de fora, então é preciso ter o conhecimento que não está naquelas páginas."
e ao mesmo tempo escroto:

"Fechei meus olhos e fiquei escutando as ondas. Milhares de peixes mar adentro, devorando uns aos outros. Infinitas bocas e infinitos cus, engolindo e cagando. A Terra inteira não era nada além de bocas e cus engolindo e cagando e fodendo".

terça-feira, 3 de junho de 2014

Tumblr do dia: Haruki Murakami Stuff

Porque escolhi esse tumblr, simples; é repleto das melhores frases das obras do autor além de artes dos fãs >>> só conferir: http://haruki-murakami.com/

Yuki, Dance Dance Dance
Yuki, Dance Dance Dance
Yuki, Dance Dance Dance
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Yuki, Dance Dance Dance
Yuki, Dance Dance Dance
murakamistuff:

Tengo on the slide, 1Q84
(submitted by Giuseppe Gerbino)

Tengo e as duas luas no mundo de 1Q84 by Giuseppe Gerbino




murakamistuff:

You don’t mind if I call you Otsuka? 
murakamistuff:

Super-Frog Saves Tokyo 
(Source: oyasumi-pampam)

1Q84 
Aomame em no surreal mundo de 1Q84 by http://meintokyo.tumblr.com/post/81111361357

Ushikawa, 1Q84 
Ushikawa, um dos personagens mais marcantes de 1Q84 e perfeitamente desenhado por um
murakamistuff:

Super-Frog Saves Tokyo murakamistuff:
Super-Frog Saves Tokyo
- See more at: http://www.haruki-murakami.com/post/62664697467/murakamistuff-super-frog-saves-tokyo#sthash.YudtrjaA.dpuf
Yuki, Dance Dance Danc
Yuki, Dance Dance Dance
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