Sagrado é o terceiro livro do casal de detetives Kenzie e Gennaro. Dessa vez não tem nenhum serial killer, politico pedofilo ou uma guerra entre gangues rivais. O principal inimigo dessa vez é algo que vai surpreender o leitor na metade da leitura, e vindo de Lehane isso não é nenhuma novidade. Achei que Sagrado foi o livro com o maior número de surpresas e reviravoltas.
Uma curiosidade é que a série é composta por 6 livros, mas o primeiro livro que comecei a ler foi justamente Sagrado, mas não tive nenhum problema. Não é necessário ler os outros dois para se situar, teve alguns spoilers que passaram despercebidos por mim. Por exemplo, em "Sagrado" Kenzie comenta do sobre o final dramático de Darkness, Take My Hand ( Apelo as Trevas) revelando quem era o serial killer. Mas faz tanto tempo que li, que eu nem lembrava disso, foi só após a releitura que fui percebendo os poucos spoilers que o livro tinha.
Kenzie e Angie são "contratados", ou melhor são levados a força por dois caras que trabalham para um milionário chamado Trevor Stone, ele pedi para o casal de detetives encontrarem sua filha Desiree que está desaparecida. E é durante as investigações que a leitura começa a ficar mais interessante e prazerosa, quando você pensa que Kenzie está perto de mais uma solução, aparece mais perguntas difíceis e sem respostas, verdadeiros demônios na mente dele. Lehane leva o leitor para fora de Boston, nas regiões da Florida, mais precisamente em Tampa; sol quente, Angie com roupas de banho, praias, entre outras que caracterizam uma cidade litorânea. Fugindo do tempo frio de Boston. Nas versões originais dos EUA se percebe a paisagem quente da Florida, o lindo por-do-sol e as palmeiras reais que são características daquelas regiões.
"A dor não é carnívora...."
O casal mais implacável de todo universo...
Desiree é uma das mais belas mulheres que eu vi um autor descrever, e ao descreve-la Lehane coloca ela ali de frente ao leitor, é uma experiência rara. Para se ter uma ideia, por vários momentos Kenzie é fisgado pelo seu charme. Mas em nenhum momento o detetive se esquece de seu amor pela companheira trabalho Angie, a química dos dois continua a mesma. Angie odiando as coisas que Kenzie gostas e vice versa. Deixo aqui o trecho que ele perfeitamente descreve Desiree:
"E meu Deus, como era bonita. Eu namorei muitas
mulheres bonitas em minha vida. Mulheres que julgavam os próprios
méritos pela aparência física, porque o mundo as julgava por esse mesmo
padrão. Esbeltas ou voluptuosas, altas ou baixas, mulheres lindas de
doer que faziam os homens à sua volta perderem a fala.
Mas nenhuma chegava aos pés de Desiree. Sua perfeição física era
palpável. Sua pele parecia recobrir ossos que eram ao mesmo tempo
delicados e pronunciados. Seus seios, livres de sutiã, avultavam contra o
fino tecido do vestido cada vez que ela inspirava. O próprio vestido,
uma coisinha simples de algodão cor de pêssego, talhado para ser
funcional e folgado, não podia fazer grande coisa para esconder as
linhas vigorosas de seu abdome nem as linhas graciosas e firmes de suas
coxas.
Seus olhos de jade cintilavam, e pareciam ainda mais brilhantes por
causa do nervosismo e do cálido tom dourado do pôr-do-sol que sua pele
refletia. Ela não ignorava, porém, o efeito que produzia. Durante toda a
nossa conversa, seu olhar mal se dirigia a Angie. Mas quando falava
comigo, mergulhava seus olhos nos meus, inclinando-se em minha direção
de forma quase imperceptível."
Para completar essa descrição, só faltava Desiree está fumando um cigarro e com aquele olhar que mata qualquer homem.
"O ornamento da beleza, escreveu Shakespeare, é
suspeito. Ele tinha razão. Mas a própria beleza, sem adornos e sem
afetação, é sagrada, digna de respeito, de toda nossa reverencia e
lealdade.“
Enfim não vou me prolongar muito, até porque o conteudo do livro não permite (vai ser muitos spoilers). Achei o livro muito bom, recomendo a leitura. O livro não chega ao mesmo nível dois dois primeiros da série. Em termo do impacto das revelações ainda perde para o quarto livro. "Gone, Baby, Gone".
Sim meus caros, quando acaba o livro fica aquela dúvida, e a dor... ela é ou não é carnívora. É apenas mais um sentimento que nos devora, ou apenas algo físico. Fica a pergunta, mas eu acho que a dor em certos momentos é física em certos momentos é algo sentimental, e eu acho que a sentimental machuca mais.
Saudades Desiree (ou não hehe), sua deaaaba!
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